Hoje a entrevistada do blog é com uma pessoa que para mim é mais de que especial. Eu não a conheço pessoalmente, mas pelas conversas da internet dá para sentir que ela é um amor. Sem contar que quando comecei a tomar gosto por esse universo ela era uma das pessoas que mais me inspiravam com suas lindas fotos no Flickr e no site Pin.Me.Up. Então, para mim é uma honra ter ela falando aqui.
Estou falando da lindíssima Ana Bandarra. A Ana é publicitária, mas tem sido uma pessoa muito influente e reconhecida no meio. Além do seu gosto pelo universo vintage, a Ana já esteve presente em grandes meios de comunicação importantes, principalmente pelo seu projeto "Garotas do Calendário 2010", que ganhou matéria exclusiva no Jornal da Globo em 2009, saiu na Revista Isto É, Catraca Livre, Site Uol, entre outros diversos canais que reconhecem sua influencia no estilo.
Além das suas fotos pin-ups, a Ana agora está indo para o outro lado da câmera como fotógrafa e produtora especializada em vintage e também tem um projeto de música o Digga Digga Duo, inspirados nas músicas dos anos 20.
Bem, vamos saber um pouco mais sobre a Ana lendo a entrevista dela ;-)
Foto por Paula Lobo |
Foi logo que saí da adolescência, por volta dos meus 20 anos mais ou menos.
Você tinha uma marca de roupas a VoodooDoll, voltada para as “garotas pin-up” e também o brechó onlne Pinup Bazer, porque você descontinuou os dois?
Criei a VoodooDoll em 2002 porque queria me vestir com peças inspiradas nas roupas das ilustrações das pin-ups dos anos 40 e 50, mas não encontrava nada pronto nesse estilo nem novo e nem em brechós, e eu não podia pagar pelas peças originais que encontrava no E-bay. Mantive a marca por um tempo, vendendo pela internet e em festivais, mas isso nunca foi minha ocupação principal, era mais um hobby mesmo porque sempre trabalhei como publicitária. Até que em 2006 vi que estava investindo muito tempo e dinheiro na marca e não tinha retorno, então decidi encerrar.
O PinUpBazzar é mais um meio de desapegar de algumas peças de roupa, acessórios e livros que gosto mas que não tenho como manter por falta de espaço. Com o blog achei que era a melhor maneira desses itens encontrarem novos donos que vão amá-los como eu amei hehehe. O blog está abandonado por falta de tempo, mas pretendo retomar ele ainda esse ano e colocar a venda boa parte da minha coleção de peças vintage originais.
Você é uma das organizadoras e modelo do “Pin-ups do Calendário 2010” com a Maria Clara Mallet, a Cherry on Fire e a GeniseStrappazzon, a Miss Gennie, que ficou muito bem produzido. Porque vocês não deram andamento em edições nos anos seguintes?
Foto na praia com vestido havaiano – Ana Luz Crespi |
Obrigada! Esse foi um projeto produzido com muito amor por mim e minhas amigas. Na verdade cheguei a esboçar uma segunda edição para o ano de 2011, que incluía a produção de um calendário e uma exposição com fotos de 12 pin-ups diferentes, em 3D. Cheguei a produzir metade dos ensaios desse projeto, que foram fotografados pela minha amiga Giovanna Silvestri em Curitiba, mas acabei deixando o projeto de lado por uma verdadeira avalanche de problemas pessoais que aconteceram na minha vida naquele ano. Infelizmente não tive energia pra seguir com o projeto naquela época. Mas hoje em dia gostaria muito de retomar isso. Devo isso a todas minhas amigas que participaram, a Gio e as meninas que foram modelos. Fizemos algumas imagens que renderam anáglifos muito interessantes. Sem dúvidas preciso me organizar para concluir esse trabalho, mesmo que não seja um calendário, vou pensar sobre isso ;)
Atualmente você se dedica mais a fotografia, porém, do outro lado da câmera. Porque essa mudança?
Garotas do Calendário 2010 | Cherry On Fire, Ana Bandarra e Miss Gennie | Foto por Giovanna Silvestri |
As Garotas do Calendário | Miss Gennie, Cherry On Fire e Ana Bandarra | Foto por Giovanna Silvestri |
Ah! A idade chega pra todos, né? Brincadeira! Acho que a parte que mais gosto em todo esse trabalho de ensaios que venho fazendo como modelo e produtora desde 2004 é o momento de conceber as cenas, pensar nos temas, criar os figurinos, o clima, os detalhes.
Sempre fiz isso para os catálogos da VoodooDoll onde trabalhava produzindo e dirigindo outras modelos. Nos trabalhos com a Vicentina tenho o prazer de reviver isso, a Sabrina me manda as roupas e vou criando as cenas, pensando nas locações, nos objetos de cena, e vou dividindo com ela. Essa sempre foi a parte mais encantadora do processo pra mim, não necessariamente estar na frente da câmera como modelo.
Acho que passar a fotografar foi um passo que veio naturalmente como uma maneira ainda mais prazerosa de curtir e dar continuidade a esse trabalho, de forma amadora, claro. Tenho total noção que ainda tenho muito pra aprender em fotografia, mas sair com alguma amiga pra produzir fotos é sempre uma diversão, sinto que elas confiam em mim, na minha direção, e dessa forma a coisa acaba sempre com bons resultados.
Gosto de pensar que estou seguindo os passos da Bunny Yeager. A Bunny era uma super modelo cheesecake nos anos 50, antes de se tornar uma das melhores fotógrafas no estilo.Ela é uma grande inspiração pra mim.
Trabalho da Ana como Fotógrafa |
Ana Bandarra fotografando para a marca Vicentina |
Trabalho da Ana como Fotógrafa |
Isso foi mais ou menos assim: Eu ganhei um ukulele do meu namorado Edu em 2009, e demorei um pouco pra realmente acreditar que podia tocar um instrumento. Nunca havia pensado em ter uma banda, aos poucos fui me arriscando e isso acabou virando uma outra grande paixão na minha vida. Já comecei tentando tocar standards de jazz no uke, o que nem sempre era fácil em função da quantidade de acordes, alguns bastante complicados pra iniciantes.
Com isso fui buscando na internet material de estudo (partituras com cifras, e etc ) para uke e acontece que nos anos 20 e 30 o ukulele foi um instrumento muito popular nos Estados Unidos. A gente encontra uma quantidade enorme de sheetmusic (partituras com cifras vendidas na época, as artes das capas desse tipo de publicação são um show a parte ) dessas canções dos anos 20 com arranjo pra uke. Daí fui pesquisando e descobrindo todas essas canções deliciosas que são de uma fase anterior ao jazz, o que eles geralmente chamavam de fox-trot, charlestonse noveltysongs. Me apaixonei pelas canções, pelos temas e pelo jeito particular que se interpretava as músicas nessa época, com um jeito de cantar tanto mais para o lírico em alguns momentos (Ruth Etting, Lee Morse, Al Bowlly), em outros de maneira cômica e divertido (Cliff Edwards, Eddie Cantor, Helen Kane).
Foi assim que me apaixonei perdidamente por uma cantora chamada Anette Hanshaw. Seu jeito de cantar é o que mais me inspira. Temos no repertório da banda várias versões de músicas dela, que pode ser vista nesse link.
A formação do Digga Digga Duo veio naturalmente daí, das descobertas e da paixonite que tivemos por essas canções, para podermos tocar juntos e nos divertirmos, sem maiores pretensões.
Não fazemos muito para divulgar a banda na verdade, apenas temos uma Página no Facebook onde colocamos alguns poucos vídeos e fotos de nossos shows. Acabamos tocando com mais frequência aqui para os dançarinos de Lindy Hop do Rio em seus eventos.
Não sei se esse estilo virá a ser tão popular no futuro não, mas o fato é que todas as pessoas que conheço que curtem esse estilo de música são verdadeiramente apaixonadas pela irreverência inocente desse cancioneiro.
Foto com ukelele e vestido rosa – Ana Luz Crespi |
Digga Digga Duo por Ana Luz Crespi |
Digga Digga Duo por Ana Luz Crespi |
Meu armário hoje em dia praticamente só tem peças vintage originais, então posso dizer que uso vintage todos os dias sim. Com exceção dos sapatos não tenho roupas modernas. Mas é claro que nem todos os dias dá pra caprichar no cabelo e na maquiagem, às vezes pra trabalhar fica over.
Você é uma veterana no estilo. O que você pode dizer de como é estilo hoje e de como era há alguns anos atrás quando você começou? O que mudou?
Foto no parque com montanha Russa – Foto por Flavio Mac |
Acho que hoje em dia se tem muito mais facilidade de informação pra tudo. Antigamente tinha que fuçar muito pra ter por exemplo informação sobre como fazer penteados dos anos 40. Hoje em dia existem milhares de tutoriais no youtube, e ótimos livros com técnicas mostrando o pulo do gato. Além da facilidade de acesso a roupas e acessórios originais nos sites, a facilidade de comprar é enorme, mas os preços em compensação tem aumentado em função da popularidade do atual vintage. E pra quem prefere reproduções existe também muitas marcas com roupas de grande qualidade tanto em fidelidade aos moldes da época quanto em qualidade. Tanto no exterior quanto no Brasil, e a internet faz tudo isso ser muito mais fácil.
Para finalizar, qual sua dica para quem quer seguir sempre o estilo?
Foto com Hot Rod – Juliana Robin |
Foto Uke na Grama – Mayumi Mori |
Buscar a inspiração no passado mas encontrar uma maneira pessoal de interpretar isso, que combine com você, com seu corpo, com seu dia a dia. Assim as coisas se tornam mais autênticas e fáceis de manter. Seja você mesmo ;)
Adorei! E ela é linda <3
ResponderExcluirSimmm
Excluirah muito bom o seu blog !
ResponderExcluireu fiz um blog há pouco tempo, também sobre moda vintage e roupa de segunda mão, acessorios tambem !
será que podia dar uma olhada ? agradecia muito :) xx
Seja bem-vinda =). Vou ver seu blog sim.
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