Entrevista com a pinup Rayssa Deschain baixista da banda Os Dry Martinis

10:24:00

Estou muito contente com a entrevistada do mês do blog. No total já foram 15 entrevistas por aqui, mas sempre são pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro ou do Sul do país. Pela primeira vez entrevisto alguém que sai dessa nossa "zona" e nos mostra que aquilo que gostamos vai além das regiões Sul e Suldeste.

A entrevistada é a Rayssa Deschain, baixista da banda de rockabilly Os Dry Martinis e moradora da região de Manaus no estado do Amazonas. A Rayssa além de muito estilosa com seu cabelo vermelho e olhos bem marcados é muito envolvida com a arte, principalmente em relação a dança e a música. Além de nos contar os gostos dela em relação ao universo retrô, ela também nos fala um pouco sobre como é essa cultura em Manaus e a diferença entre outras cidades do Brasil.

Vamos conferir:


Você começou a se interessar pelo vintage e retrô através de filmes. Fale-nos um pouco mais sobre como surgiu esse interesse.
Minha mãe tinha o costume me colocar para assistir filmes antigos com ela (que bom costume rs) em especial os musicais, então eu comecei a ver aquelas mulheres elegantes e com penteados chamativos, comecei a perceber que simpatizava muito mais com a estética das mulheres de 40, 50 e início de 60 do que com as mulheres da minha época. Com a internet foi um pulo para perceber que não era a única e que estavam tudo bem se interessar e se expressar através da estética de outra época.


Além de amar muito o estilo vintage, você também é integrante da banda de rockabilly Os Dry Martinis. Como surgiu a banda?
Ao contrário da torcida geral por guitarra sempre curti muito mais o grave do baixo, em especial o baixo acústico. Quando surgiu tempo, oportunidade e dinheiro corri atrás de aprender, o Matheus meu namorado já tinha uma banda, a Soda Billy, mas eu não queria fazer parte da Soda que atualmente puxa mais pro neo swing, queria começar o meu próprio projeto de rockabilly, daí surgiu Os Dry Martinis


Como é tocar baixo em uma banda de rockabilly, quando todos pensam que você é cantora?
É chato, rs. Toda essa cultura de que mulheres não podem fazer isso e aquilo é um saco, cada vez que eu subo no palco é uma prova, porque percebo os olhares e cochichos do tipo “é bonitinha deve só cantar ou fazer backingvocalsble”, daí quando subo e começo a afinar o instrumento é mais cochicho, uma vez ou outra aparece um curioso pra perguntar se é um violoncelo, quando eu respondo que não é um, correm para algum macho da banda pra fazer a mesma pergunta, como se eu não soubesse nem o nome do instrumento que toco, quando um dos meninos da banda responde que é um “baixo” a pessoa ainda sai desconfiada achando que é um "celo". Mas enfim nós mulheres podemos muita coisa, e na música não poderia ser diferente, ta aí a Wanda Jackson e a Kim Lenz que não me deixam mentir.

Como é o cenário retrô em Manaus? Você já visitou outras cidades e saberia dizer qual a diferença entre cada uma? 
Manaus já foi uma das cidades mais modernas e ricas do país, mais precisamente no período áureo da borracha em torno de 1890. Enquanto a maioria das cidades ainda engatinhavam, Manaus já contava com um moderno sistema de bondes elétricos, de telefonia, eletricidade, então muita coisa foi construída nessa época, teatro, cassinos, bibliotecas e palacetes. Acredito que o nosso Teatro Amazonas seja o mais bonito do país.

O centro histórico de Manaus é um prato cheio para quem curte retrô, em especial a estética neoclassicista.
Já tive a oportunidade de conhecer a cena do Rio, de São Paulo e de Curitiba. Das festas que tive a oportunidade de ir nessas cidades as que mais gostei foram  a Pin Ups Party do Ivan em São Paulo e o Psycho Carnival de Curitiba. No psycho em especial gostei do evento de carros antigos organizado pelo Vitor Rodder.


Existe um cenário forte da música rockabilly e do estilo retrô em Manaus? Quais são os pontos fortes e fracos da cidade?
Com relação a cena rockabilly e afins, diria que é fraca. Às vezes gostaria de poder sair e curtir o som que eu gosto mas infelizmente não tem como, pois as únicas bandas no estilo é a Dry e a Soda. E pessoas que realmente gostam e vivam o estilo posso contar nos dedos de uma mão, o que salva é que a cena não é dividida por estilos como ocorre nas outras cidades, todo mundo acaba se ouvindo e frequentando os eventos de rock que tem, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Por exemplo, a parte boa – todos se ouvem e frequentam os eventos sem mimimi de “não vou porque sou metal” , parte ruim – sabe aqueles lanches que vendem desde yakisoba, a x-salada e sopa de mocotó? É legal porque você pode escolher coisas diversas em um mesmo lugar, mas ao mesmo tempo é ruim porque a qualidade deixa a desejar. É isso que acontece, nenhum estilo fica fortalecido e a maior parte do público fica no esquema “humptydumpty” em cima do muro.

Ponto forte – A beleza natural que tem no interior, o centro histórico e a receptividade do amazonense. Somos receptivos pra caramba, normalmente manauara conhece alguém de manhã e a tarde já convida para comer um peixe. Senti falta disso nas outras cidades que fui, infelizmente tive uma impressão de frieza. 

Ponto fraco – Falta de variedades, alta rotatividade de lugares (se você veio aqui há 4 anos atrás é possível que os lugares que você conheceu e gostou não existam mais). E o calor. Aqui não é só quente, como se não bastasse é úmido. E não tem vento frio, o vento é quente. Porém quase todos os lugares tem ar condicionado ;)


Além de tocar na banda, quais são suas outras atividades profissionais? 
Sou professora de Arte, não foi por falta de opção, realmente escolhi ser professora. Trabalho em uma escola do governo e dou aula de dança em uma academia. Paralelamente tenho um trabalho de dança contemporânea no qual sou intérprete-criadora na Cia de Dança Quasualidades.


Quais são suas principais inspirações tanto em relação a música?
Minha inspiração com relação ao baixo é o Lee Rocker, gosto muito de como ele consegue fazer o baixo soar em vários estilos diferentes mas sem perder a particularidade  dele e também gosto de como ele se movimenta em shows. Uma banda que me inspira muito é a banda italiana Dimaggio Brothers acho um trabalho muito bem feito, tenho ouvido também bastante coisa de bluegrass, Earl Scruggse a banda engraçadinha The Cleverlys. Atualmente Albert Ketelbey não sai do meu playlist.


E em relação ao estilo? De onde vem suas inspirações para compor os seus looks?
Tem tanta coisa que da quase um Frankenstein, mas vamos lá. Gosto de dar sempre uma boa olhada na coleção da Pin Up Girl Clothing, eu gosto de como eles conseguem modernizar o retrô sem perder a essência, você olha percebe as referências antigas, mas também referências contemporâneas. E gosto de me inspirar em filmes e séries, às vezes quero um look Agent of Shield, no outro dia quero ter o visual da nojentinha do filme Histórias Cruzadas. Mas como diria o personagem do filme Party Monster: "It’s all about self-expression. If you feel like a troll, then you should look like a troll!"

Às vezes eu só quero me vestir como eu me sinto, ou como eu gostaria de me sentir.


Deixe um recado para as nossas leitoras:
If you don't love yourself, how in the hell you gonna love somebody else?
Hahaha, brincadeira! Mas o recado que gostaria de dar é nessa linha, é legal você se inspirar em outras pessoas, mas é importante não deixar de ser você mesma. Garotas podem ser tantas outras coisas além de bonitas.


Gostaria de agradecer a Rayssa e estou bem contente em saber um pouco mais sobre a cultura que tanto gostamos do outro lado do Brasil.

Para acompanhar o trabalho da Rayssa, curta a páginda da banda aqui ou veja o perfil dela no Instagram @rayssadeschain. A Rayssa também possui um blog que é o Guinea Kills

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8 comentários

  1. Adorei conhecer essa garota linda e muito talentosa, a entrevista esta maravilhosa.
    bjuxx

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  2. Amei a entrevista e os pontos que ela falou sobre como a mulher que faz parte de uma banda geralmente é vista e a cultura da cidade dela. Muito bom! Sucesso para ambas!! =) xxx

    vintagepri.blogspot.com

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    Respostas
    1. Obrigada Pri, com certeza esse é um dos pontos que deve ser muito melhorado em relação a mulher na música.

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  3. Adorei a entrevista, a Rayssa é linda e muito talentosa, amo os penteados que ela faz.
    Conheci ela através da Vintage Tag e sempre estou acompanhando as fotos dela no face.
    Parabéns pela entrevista super legal. Beijinhos de sua amiga retrô, Cris.

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    Respostas
    1. Ela arrasa nos penteados mesmo Cris. Vi a Vintage Tag dela e também amei. As fotos então, nem se fala. Obrigada por comentar.Beijinhos

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