Entrevista com a Pin-Up Angie Honeyburst
13:45:00
Pelo segundo ano consecutiva duas brasileiras representaram o país no Concurso Miss Pinup no Viva Las Vegas Rockabilly Weekend, um dos maiores festivais desse segmento no mundo. Para quem não lembra, ano passado o país foi representando pela Lady Cat e pela Julie Van Wilpe, que na entrevista dela aqui no blog também conta como foi participar do evento.
Esse ano as pin-ups Marília Skaraba e Angelina Pires, também conhecida como Angie Honeyburst, foram selecionadas pelo júri na primeira etapa para representar o Brasil no evento. A Marília conquistou a faixa de 2º Lugar no Miss PinUp e a Angie ganhou o prêmio de melhor figurino e nos conta como tem sido sua relação com a cultura retrô e como foi participar do festival. Confira:
Como e quando você começou a se identificar com a cultura retrô e o estilo pinup? De onde vieram suas influências?
Pra mim sempre foi muito natural gostar dessa cultura vintage e retrô, embora eu tenha crescido em cidades pequenas do interior do Rio Grande do Sul onde quase ninguém conhece as músicas, filmes e estilo que eu sempre amei, na minha família isso tudo sempre foi muito forte. A minha avó materna, por exemplo, é a maior fã de Elvis que conheço até hoje, e ela coleciona desde a sua adolescência uma pasta que sempre me fascinou com postais e fotografias de atrizes e atores da época de ouro de Hollywood, como a Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Rita Hayworth, Elizabeth Taylor, James Dean, Marlon Brando. Meu avô também sempre foi fã de filmes clássicos, principalmente os de faroeste, e por isso gosto tanto do estilo Western também. A minha família no geral sempre gostou de músicas e filmes antigos, por isso as minhas principais influências dentro desse estilo são a minha mãe e a minha avó (que são pin-ups clássicas e elegantes por natureza).
Angie Honeyburst é uma fusão de elementos que gosto relacionados à música. Angie (ou Ange) sempre foi meu apelido por parte dos amigos e também é uma música dos Stones, que eu gosto bastante. E o Honeyburst vem de uma das cores do instrumento que acho mais lindo, a guitarra, mais precisamente de uma Gibson Les Paul.
Entre os diferentes “tipos de pin-up” com qual você mais se identifica e como você aplica esse estilo no seu dia a dia? Consegue mantê-lo diariamente ou adere somente em ocasiões especiais como eventos?
Os estilos que mais aprecio e me identifico são os das pin-ups latinas, principalmente as mexicanas que acho belíssimas e inspiradoras (gosto muito do pintor mexicano Jesús de la Helguera que ilustrava tão bem mulheres fortes, como as Adelitas Soldaderas que lutaram na Revolução Mexicana - as mulheres latinas no geral tem a força como principal característica, temos uma beleza e alegria marcantes, mas também somos independentes e batalhadoras e acho isso inspirador, pois ainda temos muito o que lutar contra a opressão que as mulheres historicamente sempre sofreram), e também o estilo das Pin-ups Western, sou fã de filmes clássicos de faroeste como "The Outlaw" ou "The Paleface", ambos com a Jane Russell (tenho até um quadrinho na minha sala com uma ilustração dela na clássica pose sensualizando nos fenos segurando uma arma, feita pela Zoe Mozert para o pôster do Outlaw), amo as pin-ups Western ilustradas pelo Elvgren também e o estilo da Dale Evans, uso muitas referências desse estilo no meu dia a dia, com camisas e botas, jaqueta ou bolsa com franjas, lencinhos e chapéu, por exemplo. Mas também acho lindo o estilo clássico e elegante das bombshells, com vestidos e lingeries glamourosos, porém é difícil-quase-impossível manter no dia a dia, somente em ocasiões especiais mesmo.
Você é da região de Santa Maria no Rio Grande do Sul. Como é essa cultura na região? É um movimento forte? Você já sofreu algum preconceito por seguir esse estilo ou as pessoas te admiram?
É um movimento pouco conhecido, mas nunca sofri preconceito por seguir esse estilo, inclusive muitas pessoas admiram e apoiam mesmo sem conhecer muito e tal (e se forem criticar ou debochar, por exemplo, entra por um ouvido e sai pelo outro, definitivamente não deixo que críticas vazias e pensamentos pequenos me afetem, penso que cada um tem que se gostar do jeito que é e seguir seu próprio estilo sem dar ouvidos pra opinião alheia). Pelo menos aqui em Santa Maria tem alguns bares que tocam músicas que eu gosto (meu namorado, por exemplo, toca guitarra e pedal steel na banda Os Pé de Pano com sons do Johnny Cash, Hank Williams, Buck Owens, Gram Parsons e outros clássicos do country, e em outras de blues e bock clássico), felizmente.
Ultimamente tenho realizado alguns trabalhos profissionais, principalmente como modelo fotográfico, e pretendo continuar expandindo um pouco mais para este lado. Embora seja um pouco difícil, por morar em uma cidade pequena e ter outras funções também, já que estudo Psicologia e trabalho com crianças. Mas sou bastante flexível, criativa e batalhadora, portanto ainda tenho muitos projetos para serem colocados em prática.
Ano passado você participou do concurso pinup do Big River Festival, evento inspirado nos grandes festivais europeus. Foi uma das finalistas por júri popular e conquistou o 3º Lugar pelo júri. Conte para nós como foi essa experiência e sobre o evento.
Foi muito legal ter participado do Big River não só pelo concurso de pin-ups, mas principalmente por ter conhecido tantas pessoas legais, inclusive aqui do Rio Grande do Sul que eu ainda não conhecia por morar um pouco longe, e acho que o principal desses eventos é justamente isso, trocar conhecimentos e experiências, se divertir e buscar fazer amizades, buscar somar, e não dividir, muito menos diminuir o outro. E pelo o que tenho percebido ao participar de alguns concursos desse estilo aqui no Brasil é que, infelizmente, algumas pessoas gastam muito tempo e energia querendo diminuir ou desmerecer encarando o outro apenas como "concorrência", acho isso sem sentido até mesmo porque se quisermos fortalecer essa cultura, que ainda é fraca aqui no país, precisamos ser mais solidários, nos enxergarmos mais como cúmplices e menos como "rivais".
Você foi chamada na primeira seleção de finalistas para participar do concurso pinup do Viva Las Vegas. Como você se sentiu ao receber essa notícia de que estava na final representando o país?
Fiquei muito feliz e ao mesmo tempo um pouco nervosa, com um turbilhão de pensamentos ao mesmo tempo pra organizar mil detalhes, principalmente das roupas, que foram todas desenhadas por mim. Mas com certeza foi uma notícia muito alegre e que me levou muitos dias pra cair a ficha!
Além de participar do concurso, você ganhou premiação de melhor figurino. Como você se sente? Como foi participar e ganhar essa premiação? Quais foram as suas inspirações para compor seus looks?
Foi uma experiência única e maravilhosa, fiquei muito surpresa porque realmente não esperava ter tido um retorno tão grande do público. No sábado, depois do concurso, muitas pessoas mesmo chegaram até mim pra elogiar e pedir pra tirar fotos, dizendo que amaram mesmo o estilo e tudo mais, inclusive crianças! Foi o momento mais gratificante e que realmente fez tudo valer a pena, sou muito grata por todo esse apoio, principalmente o que recebi e recebo sempre da minha família, meus pais estão sempre nos dando muita força e agradeço a eles de coração. E pra mim foi muito gratificante também ter recebido o prêmio de melhor figurino porque cada roupa que usei lá foram uma a uma desenhadas e criadas por mim com muito carinho e dedicação, e todas foram feitas com a ajuda da vó do meu namorado que é costureira. Desde que veio a notícia que eu havia sido selecionada pelos jurados o primeiro insight que eu tive foi que a roupa do concurso ia ser inspirada no "My Darling Clementine", um filme de faroeste de 1946 que assim que eu assisti eu simplesmente fiquei encantada com todos os figurinos de uma das personagens, a mexicana Chihuahua, interpretada pela Linda Darnell.
Essa foi a primeira vez que você foi para o EUA e essa experiência no exterior permitiu que você visse como funciona a “cultura retrô” na raiz. Para você, qual a diferença entre o universo vintage e retrô entre os EUA e o Brasil? O que é melhor aqui ou lá e o que deve melhorar no Brasil?
Confesso que fiquei positivamente surpresa, pois acreditava que ia encontrar muita rivalidade lá e me enganei. As outras meninas do concurso foram super receptivas, elogiavam muito umas às outras, e isso me deixou muito mais segura e tranquila, porque eu realmente queria ir lá pra expandir e fazer amizades, e por parte do público igualmente, foram todos muito simpáticos e receptivos, elogiavam muito, abraçavam, pediam fotos, acho que isso é muito construtivo e infelizmente diferente do que vemos no Brasil, acredito que temos que melhorar nesse aspecto aqui, precisamos buscar ser mais agregadores e menos segregadores, porque essas rivalidades, picuinhas e críticas que só visam diminuir o outro apenas enfraquecem essa cultura, que é tão bonita e tem muito a somar.
Você também participou do documentário Bombshells e Dollies. Como foi participar?
Achei muito legal a ideia, pois tínhamos que gravar vídeos caseiros registrando desde o nosso cotidiano, o lugar em que a gente vive, o que fazemos e gostamos, até os bastidores do concurso, as produções, o nervosismo e as expectativas. E no primeiro dia lá fomos dar a entrevista individual pessoalmente, e acredito que o nervosismo na hora tenha me atrapalhado bastante, por ser a minha primeira vez nos EUA e o primeiro dia do festival, acabei me enrolando um pouco e me sentindo um pouco desconfortável por ter que falar em outro idioma na frente das câmeras, mas por sorte eles me tranquilizaram bastante e foram bem compreensivos com isso.
Como foi conhecer pessoalmente outras “garotas pinups” que tanto admiramos por aqui? Qual você mais gostou de conhecer e por quê?
Fiquei surpresa porque elas foram super receptivas e simpáticas. Conversei com todas e senti bastante afinidade (entre as meninas do concurso) com a pinup Little Bit, que veio conversar comigo porque disse que adorou minhas fotos no estilo mexicano e tudo mais, e a partir daí surgiu uma conversa bem interessante sobre a força das mulheres latinas! Mas todas são lindíssimas, fora ela as minhas preferidas desde antes do concurso eram a Brittany Jean (que é um doce de pessoa, delicada e super simpática) e a Victory Violet que é simplesmente impecável! Mas amei conhecer principalmente a Lisa Love, que faz parte do júri, porque sempre admirei muito o trabalho e o estilo dela, um amor em todos os sentidos! Conversei também com a Cherry Dollface e a Bernie Dexter, que são umas queridas, engraçadas e simpáticas, e quase caí pra trás quando vi a Sabina Kelley e a Micheline Pitt lá pelo evento, que mulherões!
Depois de ter essas experiências. O que você pretende para projetos futuros dentro dessa cultura?
Pretendo seguir fazendo alguns trabalhos como modelo fotográfico e também colocar em prática um projeto que já tenho há muito tempo engavetado, muito em breve vou lançar a minha própria marca de roupas, já que há anos eu mesma desenho todas elas, com muitos vestidos, blusas e saias exclusivos no estilo que a gente adora, e que eu (assim como muitas outras meninas que amam o estilo retrô) sempre tive dificuldade pra encontrar por aqui!
6 comentários
Ela é uma linda e mandou super bem no festival.
ResponderExcluirÓtima entrevista
Beijos
Ela já pode entrar na sua lista pinups brasileiras que você ama Cris <3
ExcluirAmei saber sobre ela, linda e arrasa demais!
ResponderExcluirSimmmmm
ExcluirAdoro suas entrevistas Daise!
ResponderExcluirEla é muito linda e representou muito bem o Brasil. Parabéns =)
Beijos, Pri
VINTAGEPRI
Muito obrigada Pri, e fico feliz que você acompanhar as postagens sempre é uma honra. E concordo com você sobre a entrevistadas :)
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